Centenas de milhares de manifestantes nas ruas das diversas cidades brasileiras neste sábado (24) clamando Fora Bolsonaro marcaram o 24 de julho como o maior dia nacional de luta desde o início da pandemia, mobilizando pessoas em todo o país. O quarto dia nacional de protestos contou com a presença massiva de movimentos sociais e populares, entidades sindicais e estudantis, que estiveram presentes em 426 atos, em 471 cidades do Brasil e também em outros 17 países.
Ouro Preto e Mariana
Em Ouro Preto, os manifestantes fizeram uma caminhada em forma de cortejo fúnebre, saindo do Alto da Cruz, às 10h, seguindo em fila com distanciamento pela Rua Conselheiro Quintiliano até a Praça Tiradentes. Foram distribuídos máscaras e álcool gel durante todo trajeto. Além de faixas Fora Bolsonaro, os participantes carregaram um caixão - representando a morte da democracia, cartazes denunciando a morte de 547 mil brasileiros, o desmonte do SUS, o descaso com a educação pública, a fome, o desemprego, a privatização dos correios, entre outros. O ato também lembrou as 121 mortes por COVID-19 em Ouro Preto. Em Mariana, a manifestação teve início às 9h, em frente ao Centro de Convenções.
Fotos Ouro Preto:
Crédito César Diab (SINASEFE IFMG)
Para a presidenta do ANDES Sindicato Nacional, Rivânia Moura, a classe trabalhadora sofre com as consequências do negacionismo diante da pandemia da Covid-19 e por isso é tão necessário ir para às ruas pedir o Fora Bolsonaro e Mourão, já que, mesmo diante da crise sanitária, o governo mantém uma política genocida, mais letal que o próprio vírus. ‘‘O modelo político imposto por Bolsonaro quer destruir os serviços ao privatizá-los para continuar promovendo um grande atentado à vida do povo brasileiro. Além da Educação Pública, a presença nas ruas afirma a vida acima dos lucros e se caracteriza como um dia nacional de luta contra a privatização das estatais que tem na mira mais recente os Correios, instituição indispensável para oferecer serviço ao conjunto do povo brasileiro que vai além da entrega de mercadorias e correspondência”, declarou a presidenta do ANDES-SN.
Ainda para Rivânia, entre as pautas do Sindicato Nacional, um dos motivos da mobilização é proteger a universidade pública, uma vez que o orçamento aprovado pela União para 2021 não garante sequer a sobrevivência das instituições. “O que nos leva, como ANDES-SN, às ruas é acreditar na nossa força, na nossa coragem, é saber que todas as conquistas históricas da classe trabalhadora foram vitórias da nossa luta”, ressaltou.
Na capital do Rio de Janeiro, mais de 75 mil pessoas foram às ruas. Entre as pautas principais, a abertura do processo de impeachment, ampliação da vacinação contra a Covid-19 e aumento do auxílio emergencial. Na avenida Presidente Vargas, várias bandeiras do ANDES-SN compuseram o cenário em unidade com os diversos movimentos protestando em nome do povo brasileiro, da comunidade LGBT+, das pessoas com deficiência, de toda a classe trabalhadora e dos mais de 500 mil brasileiros que morreram de Covid-19. Rosineide Freitas, 2ª VPR Rio de Janeiro/UERJ, foi às ruas para juntar forças contra o governo Bolsonaro e mandou, de lá, o recado de que não haverá tréguas e as ruas serão constantemente ocupadas. ‘‘É preciso se mobilizar e fortalecer a unidade na luta. A cada novo ato, a classe trabalhadora toma as ruas do Brasil com o objetivo de demonstrar indignação e repulsa ao momento que atravessamos. A força das ruas vai derrubar Bolsonaro’’, ponderou Rosineide.
Já no Paraná, trabalhadoras e trabalhadores de Curitiba, Cascavel, Guarapuava e Foz do Iguaçu realizaram os maiores atos pelo Fora Bolsonaro até agora. Fran Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN/UNILA, esteve presente na praça da Paz de Foz do Iguaçu e por lá ressaltou que a união das pessoas nas ruas é necessária para construir a resistência e amplificar o grito que ecoa das ruas, que é por pão, vacina, saúde e educação. “Estamos vendo as pessoas cada vez mais pobres, partindo para a luta da moradia. A situação do País, nesse momento, exige a construção de uma grande greve geral, é preciso parar a produção e a circulação de pessoas em um País que matou mais de 500 mil pessoas. Iremos continuar resistindo”, disse.
Grito Fora Bolsonaro ecoa além das ruas do Brasil
No exterior, diversos atos em vários países ecoaram os gritos de Fora Bolsonaro. Em Dublin, na Irlanda, brasileiros foram até o memorial dos direitos humanos homenagear Marielle Franco. Em seguida, andaram até a embaixada brasileira para pedir o impeachment e questionar o embaixador.
Em Tóquio, onde nesse momento acontecem as Olimpíadas, faixas com os dizeres Jail Bolsonaro se misturaram à paisagem. Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal, e mais de 35 cidades em vários países ecoaram o pedido do povo brasileiro pelo mundo.
Jennifer Susan Webb Santos, 3ª tesoureira do ANDES-SN, esteve presente no ato em Lisboa, Portugal e de lá, mandou um recado também pelo Fora Bolsonaro.
A força das redes
Além das ruas, a mobilização foi intensa durante todo o dia nas redes. O ANDES-SN promoveu dois momentos de live durante o dia. O primeiro, pela manhã, foi realizado no instagram @andes.sindicatonacional e contou com a presença de Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, Rosineide Freitas, 2ª VPR Rio de Janeiro/UERJ, Luiz Blume, 3º secretário do ANDES-SN/UESC e Fran Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN/UNILA, que pontuaram os motivos para ocupar as ruas neste #24J.
Já no período da tarde, foi realizada uma live no canal do youtube do ANDES-SN, na qual os diversos dirigentes sindicais do ANDES-SN em todo o País trouxeram depoimentos e cenas de ruas tomadas pelo povo exigindo Fora Bolsonaro.
O evento virtual mostrou que o dia nacional de protestos mobilizou a classe trabalhadora. A transmissão ao vivo foi encerrada com a leitura, pela presidenta do Sindicato Nacional, de um poema de Vladimir Maiakóvski que é também uma exortação à continuidade da luta até o final:
E então, o que quereis? Fiz ranger as folhas de jornal Abrindo-lhes as pálpebras piscantes. E logo De cada fronteira distante Subiu um cheiro de pólvora Perseguindo-me até em casa. Nestes últimos vinte anos Nada de novo há No rugir das tempestades Não estamos alegres, É certo, Mas também por que razão Haveríamos de ficar tristes? O mar da história É agitado. As ameaças E as guerras Havemos de atravessá-las. Rompê-las ao meio, Cortando-as Como uma quilha corta As ondas.
Fonte: ANDES-SN com edição ADUFOP