Nos dias 10 e 11 de novembro, foi realizado o 98º Encontro da Regional Leste do ANDES-SN, na ADUFOP, em Ouro Preto (MG). O Encontro contou com a participação de 11 seções sindicais: ADUFOP, ADUFU, ADUFVJM, ASPUV, SINDCEFET, ADUEMG, ADUNIMONTES, ADUFES, APES, ADUNIFEI, ADUFSJ e de um sindicato convidado: APUBH. A Regional Leste inclui seções sindicais dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Abertura e mesa de conjuntura
A abertura do encontro foi realizada com saudação de Joana Amaral, presidenta da ADUFOP, seguida por Laura Borges, coordenadora do DCE UFOP e de Jennifer Webb, 1ª tesoureira do ANDES-SN, em mesa coordenada por Clarissa Rodrigues, 2ª Vice Presidenta da Regional.
Na sequência, a mesa de conjuntura foi composta por Patrícia Trópia, docente da UFU e pesquisadora do sindicalismo, Thomás Carrieri, estudante da UFMG e militante do Movimento por uma Universidade Popular, e Mário Guimarães Júnior, diretor da FASUBRA. A mesa partiu de pontos importantes no cenário mundial como o genocídio contra a Palestina, passando pelas dificuldades e contradições apresentadas pelo governo Lula 3, que afeta de forma expressiva a organização da classe trabalhadora e os avanços na conquista de direitos.
Os desafios da luta pela Carreira Única
O segundo dia iniciou-se com os informes das seções sindicais e do ANDES-SN, destacando pautas como a luta pela recomposição salarial, as atividades em solidariedade à Palestina e o enfrentamento às ofensivas sobre o serviço público estadual. Mário Marianno, 1º vice-presidente da Regional Leste, presidiu a mesa, e Joana Amaral apresentou uma síntese das lutas que a ADUFOP tem enfrentado.
Ainda na parte da manhã foi realizada a mesa sobre “Os desafios da luta pela Carreira Única”, com debates realizados por Clarissa Rodrigues e Jennifer Webb. A necessidade da retomada dessa pauta se dá pelo fato de que 13% da base do ANDES-SN são da carreira EBTT (Institutos Federais e Colégios de Aplicação), com diferenças para a carreira do Magistério Superior, assim como a necessidade de uma pauta ofensiva que possa defender a estabilidade, a progressão e promoção automáticas, no sentido da disputa contra a Reforma Administrativa que ainda não foi derrotada completamente.
Confira o vídeo de Jennifer Webb, 1ª tesoureira do ANDES-SN:
Regimes de Recuperação Fiscal (RRF) e suas implicações para a educação
A parte da tarde iniciou-se com o debate sobre os “Regimes de Recuperação Fiscal (RRF) e suas implicações para a educação”, com a participação de Wilma Guedes, 2ª tesoureira da Regional Leste, e Ildenilson Meireles, presidente da ADUNIMONTES. A mesa debateu a luta contra a RRF do governo de Minas Gerais, empreendida pelo governador Zema, que pretende congelar concursos e salários por 9 anos, assim como privatizar empresas como a CEMIG e a COPASA. Durante as falas, ficou explícito que o movimento sindical tem construído muitas lutas e existe possibilidade de uma greve nos próximos meses.
“Durante a mesa sobre os Regimes de Recuperação Fiscal e suas implicações para a educação, tivemos a participação do Ildenilson Meireles, docente da UNIMONTES, seção sindical que assim como a UEMG é outra universidade estadual que será afetada pelo RRF no Estado. Esse regime tem implicações diretas no trabalho dos servidores públicos mineiros e na oferta desses serviços no estado, tanto na educação, mas também na saúde, segurança e todos outros serviços que atendem diretamente às demandas dos direitos sociais das pessoas. No que diz respeito ao trabalho dos servidores públicos, o RRF implica no congelamento salarial durante no mínimo nove anos, congela a possibilidade de realização de serviços públicos, promoções e progressões na carreira, também prevê a aprovação de um teto de gastos através de um projeto de lei complementar, a privatização de empresas importantes a exemplo da CEMIG, CODEMIG e COPASA. É um regime que visa atacar diretamente o papel do estado em Minas Gerais, do papel de que é de fato oferecer serviços públicos com qualidade para as pessoas e representa um verdadeiro desmonte. Não resolve a dívida pública, ao contrário, vai aumentar como ocorreu no Rio de Janeiro. Precisamos denunciar o que está acontecendo, precisamos convocar toda a categoria que atua no ANDES-SN para lutar contra o RRF, não só em Minas Gerais, como em qualquer outro estado.”, concluiu Wilma Guedes.
Impactos da mineração extrativista
Durante a tarde, houve exibição do documentário “LAMA: O Crime Vale no Brasil”, dos diretores Carlos Pronzato e Richardson Pontone (disponível aqui). O documentário demonstra uma das principais lutas locais de nosso território: os impactos da mineração, principalmente com os crimes dos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho.
A luta por uma universidade antirracista
Por fim, a mesa com o tema “A luta por uma universidade antirracista”, contou com a participação de Jacyara Silva de Paiva, 2ª secretária da Regional Leste, e Marcelo Donizete, docente da UFOP e ex-diretor da ADUFOP. A mesa retomou elementos históricos do racismo estrutural e das condições ainda precárias das políticas públicas de reparação histórica, como as cotas para o ingresso da graduação e pós-graduação, assim como as cotas dos concursos públicos. A professora Jacyara ratificou “a importância que foi o espaço de formação política do 98º encontro da nossa regional. Um espaço qualificado, de debates, com representação de várias seções sindicais que discutiram e refletiram sobre temáticas essenciais (...). Nesse mês de novembro, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, dia 20, e entendemos que já passou da hora de estabelecermos novos pactos civilizatórios. Mais do que pautar esse tema, é necessário trazer essa temática para a centralidade das nossas lutas, fazendo ecoar todas as vozes, estimulando debates, a reflexão, a articulação de ações e ideais contribuindo assim para uma universidade e um Sindicato verdadeiramente antirracista. Essa é uma luta que precisa contar com todas, todos e todes”.
Importância do 98º Encontro da Regional Leste do ANDES-SN
De acordo com Clarissa Rodrigues “Tivemos debates muito importantes sobre a carreira, sobre o RRF, também sobre a conjuntura, sobre nossa campanha salarial e nossos desafios. Tivemos uma importante mesa sobre a necessidade de uma universidade antirracista que é um desafio para nossa atuação como sindicato, mas também em relação à questão das cotas, dos concursos públicos, a permanência desses professores nessas instituições. Participaram 11 seções sindicais, temos 16 seções sindicais na Regional Leste, 4 seções justificaram a ausência, e isso para nós coloca a importância dos encontros regionais como um momento de discussão e acúmulo para intervenção nas nossas seções”.
Para Mário Marianno, “[...] o encontro foi muito importante, pois, colocou em debate temas que têm afetado diretamente nossa categoria. ADUEMG e ADUNIMONTES nos ajudaram a entender os impactos da proposta de RRF do governo Zema e chamaram a atenção que essa é também uma pauta nacional, pois, ela faz parte de um conjunto de políticas neoliberais que têm sido levadas a cabo pelos governos estaduais e também na esfera federal. A necessidade de defender um projeto de universidade antirracista é parte fundamental da defesa da educação pública no Brasil, como nos mostrou a companheira Jacyara e o companheiro Marcelo. Outro tema relevante foi o debate sobre carreira, pois, nesse momento o ANDES-SN está na mesa com o governo exigindo avanços concretos nessa pauta. No debate de conjuntura, tivemos um panorama dos desafios a partir da contribuição fundamental de docentes, técnicos e estudantes. Além disso, os informes das seções e a exibição do documentário LAMA enriqueceram nossas análises sobre os desafios do movimento docente e do conjunto da classe trabalhadora em Minas Gerais e no Espírito Santo. Tudo isso regado de muito acolhimento dos companheiros e companheiras da ADUFOP que nos receberam na sua sede recém reformada e que traz nas suas paredes a história da nossa luta”.
O evento atingiu todos os objetivos, destacando a necessária unidade das/os docentes da Regional Leste em uma série de temas. A professora Joana Amaral destacou: “Para a ADUFOP, sediar o 98º Encontro da Regional Leste foi de extrema relevância. As temáticas debatidas perpassam nossa prática docente cotidianamente e trazem reflexos sobre os quais precisamos debater com profundidade para que nossa luta por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada seja de fato uma realidade. Além da importância do debate, a ADUFOP consegue trazer para mais próximo da sua base as discussões que reverberam em nossos corredores e em nosso cotidiano”.
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