Com tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", o evento ocorrerá na cidade de Campinas (SP) nos dias 31/03 e 01/04
O Grupo de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD), o Centro de Documentação (Cedoc) e a Comissão da Verdade do ANDES-SN realizam, nos dias 31 de março e 1º de abril, o Seminário Nacional sobre a História do Movimento Docente. Com tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", o evento ocorrerá na cidade de Campinas (SP), no auditório da Associação dos Docentes na Universidade Estadual de Campinas (Adunicamp - Seção Sindical do ANDES-SN), localizado no campus da universidade paulista, e cumpre as deliberações do 41º Congresso do Sindicato Nacional, realizado em fevereiro deste ano. A inscrição para participação no seminário deve ser feita até segunda-feira (27), por formulário disponível na internet (clique aqui).
A data do seminário foi escolhida em consonância com a descomemoração dos 59 anos do golpe empresarial-militar no país. Militares e civis, articulados com o poder econômico internacional, organizaram um golpe, que tirou o presidente eleito João Goulart do poder e iniciou uma ditadura que durou 25 anos. Durante a ditadura empresarial-militar, milhares de pessoas foram privadas de direitos, perseguidas, presas, torturadas e assassinadas. Muitas ainda seguem desaparecidas.
Na sexta-feira (31), será realizada a mesa de abertura com representantes do ANDES-SN, da Adunicamp SSind., da Secretaria Regional de São Paulo e de entidades convidadas. Em seguida, começará a mesa com o tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", que contará com a participação de Milton Pinheiro, 1º vice-presidente do ANDES-SN e integrante da Comissão da Verdade do sindicato; Sebastião Neto, integrante do Grupo de Trabalho "Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical" da Comissão Nacional da Verdade e militante da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo; e a Ana Maria Estevão, docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-diretora do Sindicato Nacional que, na oportunidade, lançará seu livro de memórias, sobre o período em que esteve presa durante a ditadura empresarial-militar. No sábado (1º), será apresentado o Programa de História Oral do ANDES-SN, que criará uma metodologia para que as seções sindicais criem seus próprios programas de história oral para a construção das suas memórias. Também será lançada a Cartilha de Boas Práticas Arquivísticas do ANDES-SN, organizada pela Cedoc. A mediação da roda de conversa será feita pelo 3º secretário do Sindicato Nacional, Luiz Henrique Blume, diretor responsável pelo Cedoc. Mais tarde, ocorrerá a Plenária final, com informes da diretoria nacional e das seções sindicais, e encaminhamentos do GTHMD junto com a Comissão da Verdade do ANDES-SN, em acordo com as seções sindicais. "O governo Bolsonaro retrocedeu diversos encaminhamentos feitos pela Comissão Nacional da Verdade. Um governo autoritário, que fez elogios à ditadura militar-empresarial e desorganizou a Comissão de Anistia. Então, temos várias questões que precisam ser retomadas, para avançar no que atinge diretamente as universidades, por exemplo, as eleições dos reitores. Nós continuamos a ter uma lista tríplice - que é uma herança da ditadura militar-empresarial”, explicou Blume.
O diretor do Sindicato Nacional destacou também a importância da roda de conversa prevista para o sábado (1), que irá orientar as seções sindicais sobre o registro de suas histórias. “Já temos várias seções sindicais que têm mais de 40 anos e é preciso que elas organizem essa memória, os arquivos das seções, que tragam entrevistas e depoimentos dos que construíram as seções e suas lutas e, portanto, o ANDES-SN. Também é preciso que as seções sindicais enviem representantes para retomarmos as comissões da verdade nas universidades", afirmou. Golpe 1964 Militares e civis, articulados com o poder econômico internacional, organizaram um golpe empresarial-militar em 1964, tirando o presidente eleito João Goulart do poder. Durante a ditadura empresarial-militar, que durou 25 anos, milhares de pessoas foram privadas de direitos, perseguidas, presas, torturadas e assassinadas. Oficialmente, o regime assassinou 434 não indígenas e 8.350 indígenas, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade. No entanto, há razões para acreditar que esse número seja bem maior. Dos 434 mortos e desaparecidos, 106 eram estudantes universitários, 12 docentes e 1 técnico-administrativo, conforme o levantamento feito por Milton Pinheiro, e apresentado em 2019. Durante a ditadura, dentro de universidades, foram instalados sistemas de vigilância e espionagem contra docentes, estudantes e técnico-administrativos. Essa vigilância resultou em prisões, mortes, desaparecimentos, privação de trabalho, proibição de matrículas e interrupção de pesquisas acadêmicas. Acesse aqui a circular com a programação completa.
Fonte: ANDES-SN
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