Após dois dias de intensos debates, as e os docentes presentes no 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN deliberaram por encaminhar ao 41º Congresso do Sindicato Nacional a desfiliação da CSP-Conlutas. A decisão foi aprovada durante a plenária do tema II - Questões Organizativas, realizada no domingo (13), com o tema “CSP-Conlutas: balanço sobre atuação nos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central”. A professora Kathiuça Bertollo, presidenta da ADUFOP, esteve presente como delegada da entidade.
O 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN teve início no sábado, 12, na sede da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb). A plenária de abertura contou com samba de coco, ciranda e maracatu da recifense Mestre Martinha do Coco.
Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, pontuou, durante a plenária de abertura, a luta que o ANDES-SN desempenhou para a construção da CSP-Conlutas, que nasceu como instrumento de organização, congregando sindicatos, movimentos sociais, populares e estudantis, como uma expressão da classe trabalhadora no país. “Já fizemos vários debates sobre a CSP, em Conads e Congressos, e estamos neste momento para realizar um novo balanço, atendendo a deliberação do 40º Congresso. É muito importante utilizarmos esse espaço para pensar a construção da unidade tendo como referência a história e os princípios deste sindicato, assegurando a condição das decisões pautadas a partir da base da nossa categoria’’ afirmou Rivânia.
Além da discussão central sobre a CSP Conlutas, as e os professoras/es debateram sobre Conjuntura e Movimento Docente na plenária do tema I, no sábado (12). Em seguida, foi realizado um ato em defesa da democracia e contra o racismo. As/os presentes marcharam da Adunb até a Praça Chico Mendes na Universidade de Brasília (UnB), com palavras de ordem contra as políticas genocidas aprofundadas pelo governo Bolsonaro, saudando a resistência dos quilombos, contra as tentativas de golpe e pela defesa do Estado Democrático de Direito. Segundo Rosineide de Freitas, 2ª vice-presidenta da Regional Rio de Janeiro, um ato simbólico como este reforça a importância do envolvimento de não-negros na luta antirracista. ‘‘Não-negras/os precisam colocar a cara como as/os negras e negros na luta antirracista. Precisam emprestar a voz em momentos de maior violência, precisam ceder espaço e especialmente reconhecer seus privilégios. Numa sociedade de experiências escravocratas, ser branco é gozar de privilégios de ser, de existir, de falar, de estar, de viver, de ser bonita ou bonito. É necessário que a gente entenda que a pauta que o ANDES-SN defende há 41 anos deve, de uma vez por todas, identificar a centralidade dessa luta para não virarmos as costas para a maioria da população brasileira que é negra’’, pontuou Rosineide, durante o ato.
CSP-Conlutas
O 14º Conad Extraordinário foi uma deliberação do 40º Congresso do ANDES-SN, realizado em fevereiro de 2020, em São Paulo. O debate sobre “CSP-Conlutas: balanço sobre atuação nos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central” teve início pela manhã e se estendeu ao longo da tarde. A proposta “Indicar ao 41º Congresso a desfiliação do ANDES da CSP-Conlutas” foi aprovada com 37 votos favoráveis, 22 contrários e 05 abstenções. O 41º Congresso do ANDES-SN será realizado em fevereiro de 2023 em Rio Branco, no Acre.
Também foi aprovada a realização, no próximo ano, de um seminário para debater a organização da classe trabalhadora e continuar construindo espaços aglutinadores das lutas.
Encerramento
A plenária de encerramento do 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN, realizada na noite de domingo (13), foi marcada pela aprovação das moções apresentadas pelos e pelas participantes e pela diretoria do Sindicato Nacional. Entre as moções aprovadas, foi registrado repúdio às graves ameaças, violações de direitos, injúrias e difamações cometidas contra o Comitê Sanitário de Defesa Popular que luta contra a privatização da água em Ouro Preto (MG).
Em seguida, Regina Ávila, secretária geral do ANDES-SN, fez a leitura da Carta de Brasília, que traz um resumo dos debates dos dois dias de 14º Conad Extraordinário. “Saímos daqui com a análise de que tivemos uma importantíssima vitória com a eleição de Lula contra o governo fascista de Bolsonaro, que, mesmo utilizando a máquina do Estado e um imenso esquema de corrupção pelo orçamento secreto, foi derrotado nas urnas. Nossa tarefa imediata e no médio prazo é derrotar o fascismo também nas ruas. Essa vitória é da luta que se manteve nas ruas pelo Fora Bolsonaro e contra a PEC 32, nos acampamentos indígenas, nas manifestações antirracistas, em defesa do meio ambiente e tantas outras que somadas ao desespero da fome, do desemprego, levaram a uma enorme vontade de mudar, de esperançar”, afirmou.
Para a professora Kathiuça Bertollo, presidenta da ADUFOP, "O 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN foi um momento importante de denúncia ao racismo e demais perseguições e violações de direitos sobre a categoria docente, de acúmulo de forças para o 41º Congresso do ANDES-SN que acontecerá em fevereiro no Acre, em que a ADUFOP tem a tarefa de levar uma delegação completa, com delegados/as e observadores/as. A escolha da delegação acontecerá ainda em dezembro, e é importante a categoria docente já ir se programando para tal compromisso da luta sindical. O resultado do Conad é fruto de acúmulos e discussões sobre os desafios para o avanço das pautas da classe trabalhadoras no momento e conjuntura atual, e nesse sentido, apontou-se a importância de ultrapassar âmbitos que, na avaliação coletiva realizada neste espaço deliberativo da luta sindical docente, já não cumprem mais a premissa central de aglutinar forças e o conjunto dos/as trabalhadores/as brasileiros/as".
Ao final da leitura, a presidenta do ANDES-SN, Rivânia Moura, declarou encerrado o 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN, com a palavra de ordem "Com racismo, não há democracia!".
Com informações ANDES-SN
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