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Entregadoras e entregadores de aplicativos retomam greves e denunciam precarização


Pouco mais de um ano depois, os “breques dos apps” estão de volta, mais fortes e descentralizados. Outubro deve se tornar o mês com maior número de greves na categoria. Em algumas cidades como Jundiaí, Paulínia, São Carlos e São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, já foram iniciadas as mobilizações, e em outras estão prestes a começar nos próximos dias. Em Maceió (AL), a mobilização teve início no domingo (10). Lá, assim como no interior de São Paulo, as reivindicações por melhorias também denunciam um altíssimo nível de exploração.


Em setembro, em São José dos Campos (SP), trabalhadoras e trabalhadores paralisaram as entregas por seis dias, protagonizando a greve mais longa do setor, até então. Agora, o recorde está prestes a ser batido pelas trabalhadoras e trabalhadores de Niterói (RJ), que planejam uma parada de sete dias, a partir da próxima sexta-feira (15).


Entre as principais demandas das trabalhadoras e dos trabalhadores estão o fim da coleta dupla, quando é feita duas ou mais entregas numa mesma saída sem receber a taxa mínima por cada uma delas, e o fim dos bloqueios sem justificativa nas plataformas, que continuam excluindo as e os motoristas sem quaisquer explicações.


As entregadoras e os entregadores também querem a obrigatoriedade de um código como comprovante da entrega em todos os pedidos. A medida serviria para dificultar os bloqueios indevidos. Além disso, também denunciam o baixo valor da taxa mínima das entregas (R$ 5,31) e reivindicam garantias básicas de condições de trabalho, como alimentação; água; banheiro; fornecimento de equipamentos de segurança; afastamento remunerado por motivos de saúde; vínculo empregatício; clareza nas regras de pontuação e avaliações, entre outros.


Bolsocaro Nos últimos 12 meses, o país tem testemunhado o agravamento da crise econômica. O desemprego, a miséria e a fome aumentaram. A inflação acumulada no período, em setembro, foi de 10,25%, atingindo dois dígitos pela primeira vez desde 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Transporte, alimentação, vestuário, aluguel e educação estão cada vez mais caros.


Além disso, a gasolina – item essencial para a profissão – encareceu quase 40% em um ano. Os aumentos consecutivos já estão impactando o setor. Na plataforma Uber, primeira a divulgar dados referentes ao abandono da profissão, 25% das e dos motoristas cadastrados deixaram o trabalho devido ao aumento no valor do combustível.


A pandemia fez com que o serviço de entregas de comida aumentasse 14% no Brasil, no último período. Por isso, o abandono dessa modalidade por aplicativo ainda não é sentido. No entanto, a queda nos rendimentos das entregadoras e dos entregadores é inegável. Em muitos casos, é preciso trabalhar 12 horas por dia, para receber um salário mínimo ao mês (R$ 1.100).


Insegurança Além da exploração das plataformas, as entregadoras e os entregadores de delivery também sofrem com a falta de segurança no trânsito. Segundo o Ministério da Saúde, de março de 2020 a julho de 2021, foram 308 mil internações de pessoas acidentadas no trânsito em todo o país. Destas, 54% eram motociclistas, ou seja, 167 mil. O levantamento do órgão mostrou ainda que, desse total, 85% eram homens jovens, com idades entre 20 e 29 anos. Faixa etária que concentra grande parte dos trabalhadores de aplicativos.


Fonte: CSP-Conlutas, com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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