Fortalecer a unidade de ação e seguir nas ruas, com os cuidados necessários, para enfrentar e derrubar o governo Bolsonaro - considerado o maior ataque à vida e aos direitos da classe trabalhadora -, foi consenso em todas as falas de análise da conjuntura, durante a segunda plenária do 12º Conad Extraordinário, que teve início nessa sexta-feira (2). Na abertura da Plenária do Tema I – Conjuntura, o 1º vice-presidente do ANDES-SN, Milton Pinheiro, coordenador da mesa, iniciou os trabalhos lembrando que o dia 2 de julho marca a luta do povo baiano pela independência de Portugal, em 1823. Pinheiro saudou a força da luta popular brasileira expressa nessa data.
Análise de Conjuntura Os debates da plenária ocorreram com base nos sete textos enviados ao Caderno de Textos, seis dos quais foram apresentados por seus autores e autoras. Na sequência, foram sorteadas 16 falas inscritas, respeitando a paridade de gênero.
As análises abordaram a crise mundial do Capital, que se aprofundou no último período, com impacto devastador para as condições de vida e trabalho da classe trabalhadora. Tal situação, de acordo com várias análises, foi ainda mais precarizada com a chegada da pandemia de Covid-19, considerada também uma consequência da crise sistêmica.
A reação mundial da classe trabalhadora, em especial na América Latina, foi ressaltada, com destaque para a luta, e seus desdobramentos, no Peru, na Colômbia e no Chile. As mobilizações latino-americanas também tiveram impacto no Brasil e, para muitos, serviram como impulso para a retomada das ruas no país.
A presença do ANDES-SN e suas seções sindicais nos recentes atos pelo Fora Bolsonaro e Mourão, e em defesa da vida, foi apontada como acertada e necessária na construção e fortalecimento da resistência necessária para a derrubada do governo. Foi destacada a importância de atuar, em articulação com outras entidades, Frentes e Fóruns, para intensificar essa mobilização.
Além do negacionismo, da corrupção e da ineficácia na condução de políticas de combate à pandemia por parte do governo federal, que resultaram na morte de mais de 520 mil brasileiras e brasileiros, as falas também apontaram outros ataques da política neoliberal de extrema-direita.
As contrarreformas, em especial a Administrativa (PEC 32), os cortes orçamentários na área da Educação, desmontes dos serviços públicos e políticas sociais, a ação deliberada de extermínio dos povos originários e seus territórios e das reservas naturais, as privatizações das empresas públicas com o fim da soberania nacional, foram algumas das questões levantadas. O combate à situação de fome, desemprego e violência do Estado, imposta às brasileiras e aos brasileiros, em especial à parcela negra e pobre da população, deve seguir na pauta do Sindicato Nacional.
As e os docentes lembram também que muitas das medidas no âmbito federal são reproduzidas por governadores, como as reformas da previdência, administrativa, políticas de arrocho salarial e cortes orçamentários. Nesse sentido, é necessário ampliar o enfrentamento nos estados.
A intervenção do governo Bolsonaro nas escolhas de reitores e reitoras das Instituições Federais de Ensino foi apontada com um exemplo do autoritarismo que se instalou no comando do país e que tem impacto direto para as universidades, institutos e cefets.
Nesse sentido, as e os participantes apontaram a necessidade de intensificar e apoiar as diversas ações pelo Fora Bolsonaro e Mourão, e também atuar na construção do IV Encontro Nacional de Educação, previsto para ocorrer em 2022, como instrumento de luta e reorganização da classe trabalhadora.
Milton Pinheiro destaca que o plenário do 12º Conad Extraordinário debateu, a partir dos diversos textos apresentados, a conjuntura brasileira e internacional, examinando que vivemos uma crise condensada que rebate em seus aspectos políticos, econômicos e sociais.
Segundo o 1º vice-presidente do ANDES-SN, trata-se de uma operação de destruição da classe trabalhadora, com ataques sem trégua à população pobre, negra e periférica, aos LGBTs e às mulheres, levada a cabo pelo governo do agitador fascista, Jair Bolsonaro, que, para além de sua pauta obscurantista e anticientífica, age contra as liberdades democráticas e na organização de uma pauta golpista.
“Professores e professoras criticaram de forma veemente a postura do governo federal diante da Covid 19 e o extermínio da nossa população causado pela irresponsabilidade desse governo. No entanto, localizamos um novo ciclo de lutas da nossa classe que se mobiliza contra as privatizações das empresas estatais, denuncia as "novas" contrarreformas, exigindo orçamento para as universidades, Institutos Federais e CEFETs, vacinação para todos/as. É preciso combater a carestia, lutar por vacina no braço e comida no prato”, explica.
De acordo com o coordenador da plenária do Tema I, a luta de classes está entrando numa nova quadra com capacidade de mudar a correlação de forças e a unidade de ação será o maior instrumento da categoria. “A marca registrada da nossa plenária é pelo fora Bolsonaro e Mourão”, conclui.
Participaram também da condução da plenária a 1ª vice-presidenta da Regional Norte II, Joselene Ferreira Mota, a 1ª vice-presidenta da Regional Planalto, Neila Nunes de Souza, e o 1ª vice-presidente da Regional Sul, Edmilson Aparecido da Silva.
Participantes O 12° Conad Extraordinário conta com a presença de 251 pessoas, sendo 66 delegados e delegadas, 138 observadores e observadoras, 33 diretores e diretoras, 14 convidados e convidadas. Representantes de 76 seções sindicais do ANDES-SN participam do evento.
Ainda na noite dessa sexta (2), os e as docentes se dividiram em grupos mistos para debater as questões organizativas e financeiras do Sindicato Nacional. Os trabalhos serão retomados na próxima sexta-feira (9), quando estão previstas a realização dos grupos mistos sobre o Plano de Lutas dos Setores do ANDES-SN e a plenária do Tema II. Na sexta seguinte (16), ocorrerão as plenárias do Tema III e de encerramento.
Fonte: ANDES-SN