Desde a última semana, os trabalhadores e as trabalhadoras da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) iniciaram a deflagração, nos estados, de uma greve nacional, por tempo indeterminado. A greve já ocorre em 20 estados e no Distrito Federal.
A paralisação da categoria é em resposta ao processo de privatização da empresa, responsável por todo o banco de dados da Previdência Social no país. Além disso, os trabalhadores protestam contra a ameaça de demissão em massa imposta pelo governo federal, "maquiada" em um programa de "desligamento voluntário". Na terça-feira (28), os servidores realizaram um piquete em frente à sede nacional da empresa, em Brasília (DF).
A Dataprev processa, por mês, cerca de 35 milhões de benefícios previdenciários, um montante de aproximadamente R$ 50 bilhões do INSS. A empresa cuida, ainda, do seguro desemprego, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Cadastro Nacional de Informações Sociais, do Sistema de Benefícios do INSS e da Intermediação de Mão de Obra e do Cadastro Brasileiro de Ocupação.
De acordo com a categoria, o governo não concluiu os estudos de viabilidade da privatização e não respeita a obrigatoriedade de autorização do Congresso Nacional para o processo.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Moacir Lopes, secretário de administração da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), afirma que o governo não dialoga com os trabalhadores e ressalta os riscos existentes em passar para a iniciativa privada dados sigilosos de milhões de brasileiros.
“Quem vai ser responsável e como vai ser feita a segurança dos dados do INSS com a privatização da Dataprev? São dados de alta relevância, envolvem a vida de muitos cidadãos. São dados de pagamentos de benefícios, lá estão os valores que cada um recebe, os dados pessoais aposentados. Portanto, é algo que precisa de muita segurança para evitar exposição dos segurados. Vai desde a possibilidade de vazamento de dados para venda de produtos e serviços, até golpes. Há quadrilhas especializadas em aplicar golpes nos aposentados, quem vai garantir a segurança?”, questiona.
Fonte: ANDES-SN
Com informações da Fenasps e Brasil de Fato
Imagem de capa: Sérgio Lima