Forças israelenses sequestram brasileiros que levavam ajuda humanitária à Gaza
- ADUFOP
- 3 de out.
- 5 min de leitura
Entre os mais de 400 detidos ilegalmente, estão 11 brasileiros e brasileiras. Atos em todo o Brasil cobram ação do governo

As forças navais israelenses interceptaram ilegalmente, em águas internacionais, mais de 20 navios que compõem a Flotilha Global Sumud. Ao todo, são cerca de 50 embarcações, com mais de 500 pessoas de diversas nacionalidades, que buscam romper o bloqueio de Israel e levar ajuda humanitária ao povo palestino na Faixa de Gaza.
O sequestro de ativistas por Israel, entre os quais estão ao menos 11 brasileiros e brasileiras, foi denunciado pelo Movimento Global a Gaza, que organizou a Flotilha Global Sumud. Conforme comunicado divulgado na manhã desta manhã desta quinta-feira (2), após a interceptação de parte do grupo por forças navais israelenses, cerca de 443 voluntários de 47 países foram capturados pelas forças israelenses.
As forças navais israelenses interceptaram ilegalmente, em águas internacionais, mais de 20 navios que compõem a Flotilha Global Sumud. Ao todo, são cerca de 50 embarcações, com mais de 500 pessoas de diversas nacionalidades, que buscam romper o bloqueio de Israel e levar ajuda humanitária ao povo palestino na Faixa de Gaza.
O sequestro de ativistas por Israel, entre os quais estão ao menos 11 brasileiros e brasileiras, foi denunciado pelo Movimento Global a Gaza, que organizou a Flotilha Global Sumud. Conforme comunicado divulgado na manhã desta manhã desta quinta-feira (2), após a interceptação de parte do grupo por forças navais israelenses, cerca de 443 voluntários de 47 países foram capturados pelas forças israelenses.

O comunicado destaca ainda que, após a busca por informações sobre integrantes da flotilha junto às autoridades israelenses, a representação jurídica do movimento não teve acesso sobre o paradeiro dos ativistas e se serão encaminhados à cidade de Ashdod.
“Este é um sequestro ilegal, em violação direta ao direito internacional e aos direitos humanos básicos. Interceptar embarcações humanitárias em águas internacionais é um crime de guerra, negar acesso à assessoria jurídica e ocultar o paradeiro dos detidos agrava ainda mais esse crime”, destaca o Movimento Global a Gaza.
Em diferentes embarcações, há um total de 17 brasileiros. Nas redes sociais, o movimento internacional confirmou que entre os capturados estão 11 brasileiros e brasileiras: o ativista Thiago de Ávila e Silva Oliveira, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e a vereadora de Campinas, Mariana Conti (PSOL-SP), além de Bruno Gilga, Lisiane Proença Severo, Magno de Carvalho Costa, Ariadne Catarina Cardoso Teles, Mansur Peixoto, Gabrielle Da Silva Tolotti, Mohamad Sami El Kadri, Lucas Farias Gusmão.
O comunicado do Movimento Global a Gaza informa ainda que outras embarcações teriam sido paradas por uma barreira formada em águas internacionais. O navio Mikeno, navegando sob bandeira francesa, está sem contato e pode ter entrado em águas territoriais palestinas, de acordo com dados do sistema de identificação automático - AIS (na sigla em inglês). A embarcação Marinette, navegando sob bandeira polonesa, continua conectado via Starlink e em comunicação, transportando um total de seis passageiros a bordo.
Manifestação do governo
Na noite dessa quarta-feira (1º), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) manifestou preocupação com cidadãs e cidadãos brasileiros participantes da flotilha de ajuda humanitária, destacando o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais e o caráter pacífico do movimento.
“O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, declarou em nota o Itamaraty.
O comunicado reitera a exortação pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, “em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário”.
“A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato permanente com as autoridades israelenses, de modo a prestar a assistência consular cabível aos nacionais, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares”, conclui a nota.
Reunião no Itamaraty
Na manhã desta quinta (2), o Ministro Mauro Vieira recebeu parlamentares e representantes da sociedade civil para tratar do sequestro das brasileiras e brasileiros a bordo das embarcações da "Flotilha Global Sumud", bem como das medidas adotadas junto ao governo de Israel para assegurar a proteção dos brasileiros.
À tarde, após manifestação em frente ao Palácio do Itamaraty em apoio à Flotilha, uma delegação de três representantes foi recebida por uma representação diplomática. A 3ª vice-presidenta do ANDES-SN, Annie Hsiou, participou da reunião que também cobrou uma ação imediata do governo brasileiro para garantir a integridade das brasileiras e brasileiros sequestrados por Israel.

Conforme a diretora do ANDES-SN, foi demandado ainda o rompimento total de relações diplomáticas, comerciais, institucionais e acadêmicas com Israel. No entanto, o representante do MRE afirmou ser impossível nesse momento que o país adote tais medidas.
“A posição conservadora do governo, que não quer avançar em medidas mais contundentes, num momento em que brasileiros e brasileiras foram sequestrados por Israel, demonstra que os interesses comerciais ainda estão acima da vida do povo palestino. Temos que seguir vigilantes e em apoio total à Flotilha Global Sumud, que ousou desafiar Israel e o imperialismo em uma ação de resistência para levar ajuda à população palestina e denunciar o genocídio promovido por Israel”, afirmou Annie.
Flotilhas são resistência histórica
Palestina e docente da Universidade de Brasília, a 1ª vice-presidente da regional Planalto do ANDES-SN, Muna Muhammad Odeh, lembra que utilizar a flotilha de ajuda humanitária para romper o cerco a Gaza pelo apartheid israelense é uma prática que vem sendo já adotada por movimentos de solidariedade ao povo palestino. “Esse atual é a 38ª flotilha internacional com civis, que vem atuando em solidariedade ao povo palestino de Gaza, cercado desde 2008. A violência brutal, desproporcional e totalmente ilegítima de Israel tem sido um marco constante desde o ataque à frota de navios Mavi Marmara, em 2010, que fazia parte da flotilha que tentava romper o embargo imposto por Israel ao território palestino de Gaza e terminou por matar nove ativistas turcos, o que gerou protestos da comunidade internacional, inclusive da ONU”, lembra a docente.
Muna denuncia ainda que tem sido a prática dos governos de Israel deslegitimar as flotilhas, como está sendo feito atualmente no caso da Flotilha Global Sumud. De acordo com a diretora do ANDES-SN, Israel lançou uma ação midiática nas redes sociais, com a contratação de influencers dos Estados Unidos e Europa, com gastos que, segundo a imprensa internacional, passam centenas de milhões de dólares.
“O que nos diz isso? Primeiro, é de que o povo palestino, heroico e resistente, tem conseguido mobilizar o mundo em solidariedade a sua justa luta pelo fim do colonialismo e do apartheid israelense e pela sua autodeterminação. Estamos na 38ª versão de flotilhas, bem maior desta vez, levando mais de 500 voluntários e voluntárias de 44 países de todo o globo, continuamente desafiando o embargo imposto à Gaza e enfrentando o colonialismo de Israel e o imperialismo do ocidente”, apontou.
“As e os integrantes da Flotilha Global Sumud são contrários às políticas de silêncio ou de cumplicidade de seus governos, demonstram sua coragem e reafirmam seus princípios da humanidade, o que nos impõe o dever de seguirmos a seu lado, pela sua libertação e pela denúncia de Israel, no seu total desrespeito às leis internacionais. É urgente uma mobilização contínua e ampla”, acrescentou.
A diretora do Sindicato Nacional ressaltou, ainda, a importância de a categoria docente seguir mobilizada e pressionando as universidades pelo rompimento de relações acadêmicas e científicas com instituições israelenses. “Iremos fortalecer nossa campanha de Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS) contra o apartheid israelense até a libertação do povo palestino e o fim do colonialismo israelense”, concluiu.
Fonte: ANDES-SN Fotos: Eline Luz/ANDES-SN







